Queria dizer-te tanta coisa...
Mas às vezes não sei se é justo e vou guardando, guardando tudo cá para dentro.
Às vezes pergunto-me se valerá de alguma coisa estares a espera? Eu sei, é o que tu queres, mas será que vale a pena? Principalmente sabendo que tens quem gosta de ti?
Digo eu, se ela te quisesse mesmo de volta já te tinha dito??!! Por muito más que as coisas tenham sido, se gostarmos a sério não pensamos duas vezes.
Mas eu até te entendo, e por conhecer os dois lados da moeda e saber como as coisas são torna-se para mim ambiguo falar sobre tudo isto.
Acredita quando te digo que por muito que nos pareça certo, voltar ao passado nem sempre é a solução.
Tu estás á espera de respostas, eu estou à tua espera, a vida tem destas coisas.
Pensa nisto, em vez de quereres reconstruir algo que já se desmoronou, porque não começares uma história nova? Os sentimentos não têm de ser grandes, tudo se pode construir e tudo cresce com o tempo e eu acredito que nós deixamos ainda coisas por fazer.
Estou aqui, só tens de querer voltar...
Sem cera
7 de setembro de 2010
5 de setembro de 2010
Depois de...

Dizem que depois da tempestade vem a bonança...
Pois bem, quanto a isso não tenho certeza, mas sei que depois de irmos ao fundo ficamos completamente a leste de tudo, parece que fazemos um restart como nos computadores e levamos algum tempo até nos habituarmos à realidade.
Se calhar por isso evitamos, pensar nos assuntos que ficaram para trás, para também nós não voltarmos um passo atrás.
O melhor de tudo é já não haver comprimidos, dependências, mas tudo vai devagarinho como se fossemos a andar em cima do arame, sabendo que um pequeno deslize provoca a queda.
Tu tens andado por ai e estás sempre aqui, eu sei, vou te vendo de tempos a tempos consoante vou sentido falta ou coragem para tal. Sinto saudades, mas vou tentando equilibrar os dias sem pensar muito nisso... Desculpa!
Existem coisas as quais nos temos que habituar, sejam elas boas ou más. Por isso vou-me habituando a este tempo até ter algo mais certo... Até ter palavras tuas...
Sem cera
3 de setembro de 2010
Três Poemas
Destruição
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem:
Um se beija no outro, reflectido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
Carlos Drummond de Andrade, in 'Lição de Coisas'
Se Tu Viesses Ver-me...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Todas as Noites me Sinto
Todas as noites me sinto
igual aos desconhecidos.
Sou a criança que sou,
só quando o tempo pára.
Fico em mim,
fora dos músculos.
Por que se movem os deuses
quando o sol cresta as formigas?
Lendas da luz da noite
secam todo o movimento.
Seguro a vida
por desespero.
Orlando Neves, in "Trovas da Infância na Aldeia"
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem:
Um se beija no outro, reflectido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
Carlos Drummond de Andrade, in 'Lição de Coisas'
Se Tu Viesses Ver-me...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Todas as Noites me Sinto
Todas as noites me sinto
igual aos desconhecidos.
Sou a criança que sou,
só quando o tempo pára.
Fico em mim,
fora dos músculos.
Por que se movem os deuses
quando o sol cresta as formigas?
Lendas da luz da noite
secam todo o movimento.
Seguro a vida
por desespero.
Orlando Neves, in "Trovas da Infância na Aldeia"
1 de setembro de 2010
Segredos guardados
Sinto que hoje fui atingida por um raio e não sei como me por de pé... Estou num dos meus piores dias.
Passei todo o tempo a desejar ter um canto só meu, para me esconder e poder chorar sem que ninguém visse.
Passo todo o tempo a disfarçar aquilo que me vai cá dentro...
Queria tanto que tudo isto desaparecesse, esta dor, este sentimento que nem sei explicar, que me consome, que me está a destruir.
Só a ti conto tudo isto, só tu me vês chorar, só tu sabes que me sinto como uma miúda agarrada ao cobertor a espera de colo, só tu...
Cá dentro sinto um turbilhão de emoções, de imagens, de sentimentos que eu conheço mas que estão todos fora de sitio, como se me tivessem posto dentro de uma trituradora e tivesse ficado tudo misturado.
Tenho muitas saudades do passado, tenho muitas saudades da pessoa que eu era e de ser feliz.
Nunca disse isto a ninguém, mas hoje sei que tudo mudou por causa do Nuno, directa ou indirectamente tudo aconteceu por causa dele ter passado na minha vida. As minhas opções, o facto de ter ficado doente, a culpa que sinto pela morte do meu avô, a relação com os meus pais, tudo o que tenho feito, tudo aquilo em que me tornei foi culpa dele. E isso é uma daquelas coisas que me persegue...
Já tive vontade de fugir tantas vezes, ás vezes gostava de poder apagar certas coisas da memória, a noite em que meu pai me apontou uma arma a cabeça, os nomes que a minha mãe me chamava para me rebaixar, para me reduzir a nada, as vezes que era gozada na escola, as tentativas de abuso forçado que alguns fizeram...
O mais engraçado é que quem olha para mim, ninguém imagina nada disto.
Tento me lembrar das coisas boas, dos natais quando eu era pequena, do meu avô, coisas assim pequeninas, simples, mas nem sempre consigo. As vezes vou até ao cemitério e fico lá ao pé dele só a chorar, à espera.
Estes últimos anos tem sido complicados de gerir, mas faculdade e o trabalho no hotel foram coisas boas.
Agora só gostava mesmo de arrumar a minha cabeça, de por tudo no sitio, de voltar a ser eu, mas verdade seja dita a solidão também não ajuda. Eu sei, que dos 2 ou 3 amigos que tenho, posso contar com eles se precisar de alguma coisa, mas eles não me conhecem a alma e isto seria de mais.
Agora olho para tudo isto e acho que tu só podes ter aparecido por engano, não há anjos na terra. Nunca ninguém me tratou como tu fizeste, nunca ninguém veio cá dizer "As coisas não são bem assim, há pessoas diferentes", nunca ninguém me deu um colo para chorar e pediu desculpa, só tu...
Talvez por teres sido tão diferente, tão bom, sinto tanto a tua falta. Mas quem és tu afinal? O meu anjo da guarda?
Desculpa, estou cansada vou dormir. Adoro-te
Sem cera
Passei todo o tempo a desejar ter um canto só meu, para me esconder e poder chorar sem que ninguém visse.
Passo todo o tempo a disfarçar aquilo que me vai cá dentro...
Queria tanto que tudo isto desaparecesse, esta dor, este sentimento que nem sei explicar, que me consome, que me está a destruir.
Só a ti conto tudo isto, só tu me vês chorar, só tu sabes que me sinto como uma miúda agarrada ao cobertor a espera de colo, só tu...
Cá dentro sinto um turbilhão de emoções, de imagens, de sentimentos que eu conheço mas que estão todos fora de sitio, como se me tivessem posto dentro de uma trituradora e tivesse ficado tudo misturado.
Tenho muitas saudades do passado, tenho muitas saudades da pessoa que eu era e de ser feliz.
Nunca disse isto a ninguém, mas hoje sei que tudo mudou por causa do Nuno, directa ou indirectamente tudo aconteceu por causa dele ter passado na minha vida. As minhas opções, o facto de ter ficado doente, a culpa que sinto pela morte do meu avô, a relação com os meus pais, tudo o que tenho feito, tudo aquilo em que me tornei foi culpa dele. E isso é uma daquelas coisas que me persegue...
Já tive vontade de fugir tantas vezes, ás vezes gostava de poder apagar certas coisas da memória, a noite em que meu pai me apontou uma arma a cabeça, os nomes que a minha mãe me chamava para me rebaixar, para me reduzir a nada, as vezes que era gozada na escola, as tentativas de abuso forçado que alguns fizeram...
O mais engraçado é que quem olha para mim, ninguém imagina nada disto.
Tento me lembrar das coisas boas, dos natais quando eu era pequena, do meu avô, coisas assim pequeninas, simples, mas nem sempre consigo. As vezes vou até ao cemitério e fico lá ao pé dele só a chorar, à espera.
Estes últimos anos tem sido complicados de gerir, mas faculdade e o trabalho no hotel foram coisas boas.
Agora só gostava mesmo de arrumar a minha cabeça, de por tudo no sitio, de voltar a ser eu, mas verdade seja dita a solidão também não ajuda. Eu sei, que dos 2 ou 3 amigos que tenho, posso contar com eles se precisar de alguma coisa, mas eles não me conhecem a alma e isto seria de mais.
Agora olho para tudo isto e acho que tu só podes ter aparecido por engano, não há anjos na terra. Nunca ninguém me tratou como tu fizeste, nunca ninguém veio cá dizer "As coisas não são bem assim, há pessoas diferentes", nunca ninguém me deu um colo para chorar e pediu desculpa, só tu...
Talvez por teres sido tão diferente, tão bom, sinto tanto a tua falta. Mas quem és tu afinal? O meu anjo da guarda?
Desculpa, estou cansada vou dormir. Adoro-te
Sem cera
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