1 de setembro de 2010

Segredos guardados

Sinto que hoje fui atingida por um raio e não sei como me por de pé... Estou num dos meus piores dias.
Passei todo o tempo a desejar ter um canto só meu, para me esconder e poder chorar sem que ninguém visse.
Passo todo o tempo a disfarçar aquilo que me vai cá dentro...
Queria tanto que tudo isto desaparecesse, esta dor, este sentimento que nem sei explicar, que me consome, que me está a destruir.
Só a ti conto tudo isto, só tu me vês chorar, só tu sabes que me sinto como uma miúda agarrada ao cobertor a espera de colo, só tu...
Cá dentro sinto um turbilhão de emoções, de imagens, de sentimentos que eu conheço mas que estão todos fora de sitio, como se me tivessem posto dentro de uma trituradora e tivesse ficado tudo misturado.
Tenho muitas saudades do passado, tenho muitas saudades da pessoa que eu era e de ser feliz.
Nunca disse isto a ninguém, mas hoje sei que tudo mudou por causa do Nuno, directa ou indirectamente tudo aconteceu por causa dele ter passado na minha vida. As minhas opções, o facto de ter ficado doente, a culpa que sinto pela morte do meu avô, a relação com os meus pais, tudo o que tenho feito, tudo aquilo em que me tornei foi culpa dele. E isso é uma daquelas coisas que me persegue...
Já tive vontade de fugir tantas vezes, ás vezes gostava de poder apagar certas coisas da memória, a noite em que meu pai me apontou uma arma a cabeça, os nomes que a minha mãe me chamava para me rebaixar, para me reduzir a nada, as vezes que era gozada na escola, as tentativas de abuso forçado que alguns fizeram...
O mais engraçado é que quem olha para mim, ninguém imagina nada disto.
Tento me lembrar das coisas boas, dos natais quando eu era pequena, do meu avô, coisas assim pequeninas, simples, mas nem sempre consigo. As vezes vou até ao cemitério e fico lá ao pé dele só a chorar, à espera.
Estes últimos anos tem sido complicados de gerir, mas faculdade e o trabalho no hotel foram coisas boas.
Agora só gostava mesmo de arrumar a minha cabeça, de por tudo no sitio, de voltar a ser eu, mas verdade seja dita a solidão também não ajuda. Eu sei, que dos 2 ou 3 amigos que tenho, posso contar com eles se precisar de alguma coisa, mas eles não me conhecem a alma e isto seria de mais.
Agora olho para tudo isto e acho que tu só podes ter aparecido por engano, não há anjos na terra. Nunca ninguém me tratou como tu fizeste, nunca ninguém veio cá dizer "As coisas não são bem assim, há pessoas diferentes", nunca ninguém me deu um colo para chorar e pediu desculpa, só tu...
Talvez por teres sido tão diferente, tão bom, sinto tanto a tua falta. Mas quem és tu afinal? O meu anjo da guarda?
Desculpa, estou cansada vou dormir. Adoro-te
Sem cera

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